Tão sensível. Tão forte. Tão pequena. Tão grande. Tão irônica. Tão carinhosa. Tão bipolar. Tão frágil. Tão ciumenta. Tão eu.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Nós e só.
Shiu: Estou dizendo que amo você, ouça. Cobri seus lábios com dois dedos da minha mão tão pequena. Você me olhou intrigado, repeti: ouça. Então você fechou os olhos e quando os abriu, estava sorrindo. E me puxou para perto e pousou um beijo suave nas minhas mãos. Então soubemos ali, o quanto nos amávamos. E se não era amor, era algo muito mais bonito. Era algo lá da alma. E se não durasse a vida toda, não haveria problema porque durou toda uma vida, naquele instante. Para todo o nosso sempre, fazia todo o sentido. Queríamos dizer tanta coisa, queríamos uma enxurrada de palavras, mas nada era suficiente. Meu peito inflava e quando estava prestes a dizer algo, você me selava um beijo. E ríamos. Ríamos porque era mais puro assim, sentir. Não precisava ser dito, ninguém precisava saber. Era nosso. Tudo ao nosso alcance. E tudo que fosse feito com você era assim, silencioso, tranquilo. Você era todo assim, sossego. Você era assim em mim, calma. É preciso silenciar para ouvir o que o nosso coração necessita. E as coisas mais bonitas, são ditas assim: Shiu.
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Começar do zero.
Ciclos são fechados a todo momento em nossas vidas. São necessários, sim. Mas será que são tão difíceis quanto imaginamos? Por que tememos o novo, o desconhecido? É muito mais fácil confiarmos na nossa zona de conforto e nos acomodar à tudo aquilo que sabemos de cor e que já não nos surpreende mais. É mais fácil porque, mesmo que às vezes não estejamos satisfeitos, preferimos nos contentar com o que ainda temos. Numa doce manhã, ergui meus olhos e olhei para o íntimo da minha vida. Analisei e percebi que tudo faria sentido se eu agisse conforme meu coração mandasse. Tantas dúvidas bombardearam meu coração e não vou omitir que o medo do que o futuro me reserva não está tentando me assombrar. Mas quem é que disse que dou bola para o medo? Eu chuto ele janela a fora. Janela esta, que através vejo mil e uma possibilidades de sorrir ainda mais. Janela esta que um dia foi fechada e me deixou presa, mas que agora, está aberta, me libertando. Foi preciso uma grande dose de coragem para abrir mão de tanta coisa que julguei ser necessário. Tanta coisa que achei que prevaleceria. Um ciclo antigo acabou de ser fechado para que outro novo possa ser descoberto. E gratidão é a palavra que descreve tudo que o velho ciclo significa para mim. Fé, é tudo que resume a nova fase que me espera. As coisas estão mais leves agora, o coração flui... E não importa como as coisas serão, nem quantas barreiras terei que derrubar, só a expectativa de ser algo novo, já está valendo à pena.
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Senão você, nada me serve.
Para quê me serve a liberdade se eu não puder escolher você? Todo o mundo me diz ser tola por querer-te mais do que a mim mesma. Para quê me serve a vida se eu não puder dividi-la com você? Todo o mundo me diz ser ingênua por acreditar que sem você, a vida é inútil. Para quê me serve os braços se eu não puder envolver-te em mim e jamais deixá-lo? Todo o mundo me diz ser fraca pois sem teu corpo, me desabo toda. Para quê serve minha'lma se eu não puder jura-la à você? Todo o mundo me diz ser viciada, pois dependente de teu amor, sou. Para quê me serve a opinião alheia, se ela nada explica o efeito que sua voz tem sobre mim? Para quê me serve as descrições, se o silêncio é a resposta para o nosso tudo? Para quê me serve as palavras, se te beijo e todo o resto se cala? Talvez um dia, eu queira ser livre, hoje quero apenas ser tua.
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Nosso coração vazio, nossa alma cheia de amor.
O tempo não tinha nos feito tão mal, afinal. Você continuava
com o mesmo vício de ter as mãos no bolso e observar as pessoas ao redor como
se pudesse adivinhar seus pensamentos. Eu tinha me esquecido do quanto era
bonito te ver assim, distraído.
- O que aconteceu com a gente? Eu disse enquanto passava do outro lado da rua. E me notando, você virou em minha direção, os olhos cheios de uma esperança adormecida:
- O que disse? Mas aí eu tive medo, e como sempre, fixei meu olhar na minha unha descascada de vermelho. Se você estivesse mais perto, puxaria minhas mãos e diria que eu poderia confiar em você, se quisesse. Mas isso foi há tanto tempo que parece tudo fruto da minha imaginação. Apertei com mais força meus livros contra o peito e entrei no primeiro ônibus que avistei. Aos poucos, ganhando velocidade, o ônibus se afastou e você ficou lá trás, pequeno, distante. Antes, quando era fácil fazer poema com a nossa sintonia, mesmo assim você às vezes, estava distante. Mesmo estando à um palmo de distância, quando esticava minhas mãos, não conseguia toca-lo. Sei que em silêncio, por muitas vezes, você gritou meu nome. Sua voz carregada de apelo e eu não o ouvia. Eu nunca encontrei o que havia de errado na gente. Eu nunca entendi porque a gente sentia tanto e demonstrava tão pouco. Um dia, deitados naquela esteira velha, com o mar sendo nosso plano de fundo, enquanto brincava com as pontas do meu cabelo, você me cochichou: - Por que a gente dá certo? Eu me virei, encarando-o nos olhos: - Culpe o destino. Eu sempre tive essa mania tola de culpar o destino por tudo que nos aconteceu, e agora, com esse caminhão de mudanças que nos deixou sozinhos, eu não sei dizer porque o destino quis assim. Mesmo dando certo, a gente deu errado. Calados, consentimos que o melhor era você me deixar sozinha naquela casa na praia e voltar pra sua família no campo. Nunca entendemos o porquê, mas foi assim. Contudo, lá no fundo, dentro de nós, palavras não ditas ficaram presas. Palavras talvez, de afeto e arrependimentos. Palavras estas que o vento levou, o tempo apagou, mas a gente nunca esqueceu.
- O que aconteceu com a gente? Eu disse enquanto passava do outro lado da rua. E me notando, você virou em minha direção, os olhos cheios de uma esperança adormecida:
- O que disse? Mas aí eu tive medo, e como sempre, fixei meu olhar na minha unha descascada de vermelho. Se você estivesse mais perto, puxaria minhas mãos e diria que eu poderia confiar em você, se quisesse. Mas isso foi há tanto tempo que parece tudo fruto da minha imaginação. Apertei com mais força meus livros contra o peito e entrei no primeiro ônibus que avistei. Aos poucos, ganhando velocidade, o ônibus se afastou e você ficou lá trás, pequeno, distante. Antes, quando era fácil fazer poema com a nossa sintonia, mesmo assim você às vezes, estava distante. Mesmo estando à um palmo de distância, quando esticava minhas mãos, não conseguia toca-lo. Sei que em silêncio, por muitas vezes, você gritou meu nome. Sua voz carregada de apelo e eu não o ouvia. Eu nunca encontrei o que havia de errado na gente. Eu nunca entendi porque a gente sentia tanto e demonstrava tão pouco. Um dia, deitados naquela esteira velha, com o mar sendo nosso plano de fundo, enquanto brincava com as pontas do meu cabelo, você me cochichou: - Por que a gente dá certo? Eu me virei, encarando-o nos olhos: - Culpe o destino. Eu sempre tive essa mania tola de culpar o destino por tudo que nos aconteceu, e agora, com esse caminhão de mudanças que nos deixou sozinhos, eu não sei dizer porque o destino quis assim. Mesmo dando certo, a gente deu errado. Calados, consentimos que o melhor era você me deixar sozinha naquela casa na praia e voltar pra sua família no campo. Nunca entendemos o porquê, mas foi assim. Contudo, lá no fundo, dentro de nós, palavras não ditas ficaram presas. Palavras talvez, de afeto e arrependimentos. Palavras estas que o vento levou, o tempo apagou, mas a gente nunca esqueceu.
terça-feira, 26 de maio de 2015
Fica.
Silêncio. Está muito escuro aqui, não consigo enxergar nada a um palmo do meu nariz. Mas é muito fácil saber que não estou sozinha. Eu ouço o som mais bonito que já ouvi. Ouço seu coração. Ele martela tão alto que me imagino correndo ao seu encontro em um campo coberto por margaridas, e o céu de um azul anil intenso, parece abraçar e nos levar para um paraíso particular nosso. É um oásis. Todas as vezes em que fecho meus olhos, é essa sensação de leveza e simplicidade que toma conta de todo o meu subconsciente. Todas as vezes em que os abro, vejo seus olhos e compreendo porque o mundo é tão bonito. Você faz as coisas ficarem translúcidas. E comparadas a você, elas são inúteis. É assustador e inevitável ao mesmo tempo. É também, muito inseguro ser assim tão dependente desse sentimento, mas você trás conforto. Irradia confiança. Eu fui fisgada. De repente, devagar, você toma as minhas mãos nas suas, e enquanto beija cada um dos meus dedos, sussurra um 'shhhh' como se estivéssemos fugindo de alguém e não pudéssemos ser descobertos. Você faz meus pensamentos ficarem confusos. Estávamos apenas deitados à luz da lua, e às vezes cochichávamos baixinho, depois de ouvirmos zunidos vindos de insetos que se instalavam ao lado de fora da nossa barraca. Daquele ângulo, a luz fazia uma sombra dura sobre uma parte do seu rosto, e você estava tão lindo que eu quis fotografa-lo e guardar aquela imagem para sempre. Então chega mais perto e fica. Fica mesmo depois do amanhecer. Fica pro almoço, pro meu jantar não tão sofisticado. Fica pra ouvir as piadas ruins que meu pai gosta de contar. Fica porque tudo faz sentido agora. Eu quis te pedir pra ficar, mas antes que eu pudesse fazê-lo, você disse como se estivéssemos ligados através do pensamento: "Eu vou". Eu tenho vontade de me embalar nos seus braços e ficar ali até que o mundo todo se extinga. Sorri. Você sorriu de volta. Juntos nós somos ausentes de palavras e embriagados de amor. É no nosso silêncio que ouço a voz do nosso coração.
quinta-feira, 21 de maio de 2015
Sozinha e só.
Já temi muito a solidão. Eu já quis tudo nessa vida, menos ser sozinha. O mundo deu voltas e hoje, a solidão é a minha melhor companheira. A vida dá dessas às vezes. No começo eu não compreendi muito bem como eu poderia viver feliz sendo assim, solitária, mas depois de diversas vezes dialogar com as estrelas encontrei sentido em acordar, e o lado esquerdo da cama estar vazio. Tardei, mas finalmente percebi que estar sozinha não é de todo ruim, é apenas o tempo que tenho para aperfeiçoar meus próprios sentimentos. Minha solidão não resultou através de decepções ou excesso de confiança depositada em pessoas erradas, foram as minhas escolhas. Minha necessidade em encontrar entre mil e uma possibilidades, a oportunidade correta em poder conhecer a mim mesma e me aceitar como eu sou. Me perguntei, por diversas vezes: De que adianta ter alguém e se sentir vazia? De que adianta ter alguém e querer estar sozinha? Optei então, pela solidão por si só. Se for pra ter alguém, que seja alguém que me queira de volta. Amar sozinha gera fadiga. Quando menos se espera a vida passa, se arrasta, se perde e eu não quero olhar para trás e me ver numa tentativa falha em busca de alguém que preencha o vazio, que às vezes, me vejo estar. Esse vazio logo estará cheio até a borda, jorrando alegria que a vida há de me dar. A solidão tem gosto de café amargo, e ao experimenta-lo todas as manhãs em jejum, aprendi a aprecia-lo. Estar só, não se deve ao fato de ser problemático o suficiente para não conseguir equilibrar um relacionamento a dois. Estar só simplesmente é aprender a admirar o próprio silêncio antes de aturar o do outro. Se não consigo lidar com meus próprios medos, como posso apaziguar a insegurança de quem está comigo? Tem dias em que me pego pela mão e saio por aí, sentindo a brisa forte chicotear meus pensamentos. Sinto o vento trazer para perto, a satisfação de estar sozinha e me sentir completa. Bato os pés com força numa poça de água e vejo no meu reflexo, a melhor companhia que eu poderia ter: A minha própria alma.
quinta-feira, 14 de maio de 2015
Tô aqui, me vê!
Eu
nunca vou entender a sua necessidade de reviver o passado. Nunca vou entender
sua maneira masoquista de sempre querer mergulhar no mar imenso de tristeza que
é o ontem. Por que você olha tanto para trás à procura das migalhas que você
ainda tem esperança que ele tenha deixado para você? Vestígios de uma vida que não
te trouxe bem algum, mas que você ainda insiste em relembrar. Eu queria, na
verdade, ter coragem de estar lhe dizendo isso, e gritar com o meu silêncio
todas essas palavras que estão presas em mim. Porém, eu sou somente um cara
apaixonado pela melhor amiga. Eu prefiro guardar tudo isso, e ficar te olhando,
enquanto você abana as mãos no ar, insolente, quando eu digo que ele não a
merece. Você sabe o valor que possui, mas a falsa proteção que ele lhe
garantiu, te limita. Eu entendo quando diz que não quer se machucar de novo, e
é contraditório quando você resolve atender todas as ligações dele mesmo
sabendo que no fim da noite vai dar tudo errado, mas eu apenas não consigo não
abraça-la quando está a beira das lágrimas porque ele não compareceu ao jantar
que você preparou. Às vezes, tenho vontade de lhe sacudir pelos ombros e forçar
a me enxergar, mas seria doloroso demais ouvir de sua própria boca que não sou
ele. Eu me revirei na cama a noite toda com as lembranças de uma história feliz
que eu sonho todos os dias em construir com você. E eu to cansado. Eu to
exausto, menina. Eu to cansado de consolar e nunca ser consolado. Eu to exausto
de me doar demais e não receber nada, nunca. Eu não quero pedir muito, só quero
você. E eu te amo, é isso. Só que eu te amo demais pra ficar aqui, de mãos
atadas vendo você sofrendo tanto. Então, eu to indo embora. E não voltarei
jamais. Mas sabe de uma coisa menina? O coração quer o que ele quer. Eu já não
tenho controle nenhum sobre ele. Eu continuo indo embora, continuo animado para
ver um céu azul e assistir ao por do sol do alto de uma montanha do lado leste
do país. Continuo buscando minha felicidade, sozinho. Mas, deixei uma pista
embaixo do seu tapete da sala de estar. A pista vai te levar para onde eu
estarei. E sempre ficarei, esperando que você me note.
quarta-feira, 13 de maio de 2015
O dia em que me libertei.
Algo dentro de mim gritou quando você se aproximou naquela
noite. Eu deveria ter entendido como um sinal de que as coisas não correriam
bem se eu permitisse que você me tocasse, mas não foi preciso muito e no
momento em que você me viu, seus olhos como ímã fisgaram os meus e ali eu
soube, que nunca mais seria a mesma. E nunca fui mesmo. Nós dois, éramos algo
que eu desconhecia. Não compreendia seu modo de enxergar o mundo e você nunca
se deu ao trabalho de me explicar. Eu não sei bem como devo chamar o nosso
tempo juntos. Eu tinha você, mas de fato, nunca tive o seu amor. Ao invés
disso, colecionei lágrimas e noites mal dormidas esperando que você voltasse
para a minha casa, que eu deixei que a chamasse de sua também, mas você nunca o
fez. Você voltava quando achava necessário e todas as vezes, eu o aceitei
porque pensei que te amava. Percebi então que me apeguei ao fato de ter alguém,
mas era irônico porque ter você era o mesmo que não ter ninguém. Era como me
sentir sozinha em meio a multidão. Não fazia sentido. Um dia alguém me
perguntou porque eu o amava. Fiquei sem resposta e percebi que você nunca havia
me dado motivos para que eu te amasse, você nem sequer merecia. Eu pensei que o
dia mais feliz da minha vida, tivesse sido o dia em que você finalmente havia
me beijado. Me enganei, o dia mais feliz da minha vida foi o dia em que abri a
porta da minha casa para que você fosse embora e disse que não precisava mais
voltar. Por muito tempo eu pedi para que você ficasse, mas naquela noite, eu só
queria te ver me dando as costas. Só queria ter certeza de que se eu o mandasse
embora, seria mais fácil superar. Foi talvez, a decisão mais difícil que tomei.
“Diga alguma coisa, estou desistindo de você!” Eu quis gritar. Mas eu sabia que
você não diria nada pois sabia que eu estava tomando a decisão certa. Entenda
bem, eu nunca quis seu mal, apenas não te quero mais. Apenas quero seguir minha
vida sem ter um peso nas minhas costas. Sem ter pra quem dar satisfação. Apenas
quero ver o mundo que não vejo faz tempo. Quero apenas me sentir liberta.
Liberta de você.
quinta-feira, 30 de abril de 2015
O último adeus.
Me sinto muito, muito pequena quando penso na gente. É como se eu pudesse ser dobrada milimetricamente, colocada dentro de uma caixinha e fosse arremessada no fundo do mar. Quando penso em você, é como se meus pulsos estivessem amarrados e minha boca, lacrada. Eu tento gritar, mas quando me lembro do seu nome é como se minha garganta estivesse sendo arranhada. Para todos os lados em que olho, vejo você e sua expressão me entristece. Sua expressão diz: Perdão. Demorei muito tempo para perceber que todos esses sintomas são efeitos colaterais da culpa que carrego no peito. Foi assim pra você também? Como foi conviver com a culpa? Me ajuda, porque eu não estou conseguindo. Seja lá onde você estiver, consegue me ver? Pode ver que eu finalmente perdoei você? Me pego sempre colhendo os restos que sobraram da nossa história e cada um deles martela um pedaço do meu corpo quando os reconheço. Eu também fui falha com a gente, e com você aprendi que nada deve ser passado em branco. Dói saber que talvez eu tenha aprendido tarde demais. Depois que você foi embora, meu refúgio foram as palavras, então me apego a elas e torço para que você as leia e assim, me reconheça nas entre linhas deste texto que deixo como meu adeus. É muito exaustivo olhar para o fundo do poço que virou a minha vida e estar sempre à sua procura como se eu pudesse mudar todo o nosso passado. Sei que na verdade, você não estaria feliz em me ver assim, lembrando-me de nós sempre com tristeza e arrependimento. Não há nada a fazer com relação ao que ficou lá trás, não posso mudar as escolhas que fiz, muito menos reorganizar seus pensamentos para evitar as atitudes que você teve. Mas posso impedir que no futuro tentem me cegar como você fez. Posso não deixar que errem comigo outra vez e esse amadurecimento devo a você. Todo o meu aprendizado e a pessoa que me tornei, devo a você. Meu crédito na sua conta bancária sempre estará negativo e eu jamais poderei pagá-lo. Mas preciso deixá-lo ir, para sempre. Amar é isso, deixar livre. Não te quero mais assombrando o meu presente, invadindo meus pensamentos e me aterrorizando com situações que não tenho mais controle. Eu não quero mais lembrar, mas não vou te esquecer. É uma promessa. E eu nunca as quebro, você sabe.
quarta-feira, 29 de abril de 2015
Simplicidade.
“O que te faz feliz?” Ele me perguntou enquanto
caminhávamos. Olhei para os próprios pés, nossos calçados estavam cobertos
pelas folhas do outono.
Livros. Contar estrelas. Música. Fazer bola com chiclete.
Amar. Subir escadas rolantes que
descem. Beijar na chuva. Ver o por do sol. Ir à igreja. Andar descalça. Viajar.
Pintar as unhas do pé. Chocolate. Ir ao cinema. Quando a campainha toca e é o
correio. Minha família. Comprar canetas.
Ouvir as pessoas e aconselha-las. Estudar. Presentes. Ver a alegria no próximo.
Abraços. Conhecer gente nova. Cachorros. Cantar Legião Urbana com meu pai.
Fotografar. Ficar com os amigos. O reencontro depois da despedida. Comer
brigadeiro de panela. Sonhar. Brincar de boneca. Assistir filmes. Crianças.
Imaginar alguém do outro lado da linha. Soltar pipa. Chupar sorvete. Rir até doer a barriga. O som que o vento faz.
Andar de bicicleta. Pizza. Brincar de leão com meus irmãos. Correr atrás de borboleta.
O calor num dia frio. Gibis. Ver o mar. Ir ao cabelereiro. Escrever.
Cama elástica. Ir ao zoológico. Trabalhar com o que gosto. Cheiro de terra
molhada. Deitar na rede. Descansar no colo da minha mãe. Poesia. Bolo de
cenoura. Ver através da janela. Desenho animado. Lembranças. Girafas. Caminhar
sem rumo algum. Atitudes. Mensagem de madrugada. Cafuné até pegar no sono. Cantar. Fatos que
para outras pessoas, não tem importância alguma. O silêncio em meio ao barulho.
Partir e ter alguém para quem voltar.
terça-feira, 28 de abril de 2015
Meu carma, meu acaso, minha paz.
É definitivamente mais fácil falar de um amor que machuca,
do que aquele que te faz bem. É mais
fácil porque, descrever algo que nos corrói, nos dá a sensação de alívio. Eu
nunca precisei falar da felicidade, pois de fato, era algo que eu observava de
longe. Eu a via através das outras pessoas, nunca através dos meus próprios
olhos. Quando você me sorriu e o mundo
todo pareceu estar virado do avesso, você me provou o contrário. Falar de você
não é tão difícil assim, só é desafiador. Dá medo de me equivocar e falar tudo
errado. Não falar mentiras, não. Você é todo verdade. Só dá medo de não dizer
tudo que você merece. Ou acha que merece. Meu orgulho limita qualquer descrição
das suas qualidades e do quanto você me ganhou por completa. Eu sempre tentarei
negar o efeito que você tem sobre mim, e você sabe disso. Não me culpe por ser
assim, é só o resultado de uma vida toda doando demais. Embora as palavras
façam caminho até minha boca, elas se perdem em minha garganta e eu volto a
engoli-las, mas eu tô tentando, juro! As
pessoas nos acham lindos juntos, mas elas não sabem que tudo é reflexo seu, que
desperta o melhor que existe em mim. Elas também não sabem que na maioria das vezes,
a gente se desentende e você vai embora no seu escort preto. Depois a gente se
arrepende, e dizemos em silêncio tudo que precisava ser dito. E quando acho que
encontrei mais um motivo para te amar, você me mostra que tenho outros mil e
cem para odiar você. Mas eu nunca consigo. E seu ego infla exatamente por isso.
Você é a causa da dor de cabeça e a própria cura dela. Esses dias, no seu
aniversário, eu tentei lhe escrever uma carta, e o papel ficou em branco o
tempo todo. Então descobri que amar é exatamente isso: Não saber descrever, só
sentir. Você é o espaço em branco que floresce todos os dias, mesmo eu tentando
esconder. É dentro do seu abraço que eu encontro a minha calma e amar você, é a
minha maior sina. “Você tirou a sorte grande quando me conheceu, confesse vai.”
Você diz enquanto beija meu pescoço. E eu luto incansavelmente contra a vontade
de concordar com você.
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Equívoco.
Você não consegue enxergar que bagunçou tudo desde que chegou? Olhe só para a minha mobília, você desgastou tudo. Eu posso até ver você sentado na varanda com os braços cruzados, dizendo que eu sou louca e que não entende os meus versos disfarçados de verdade. Todo tempo eu fiquei camuflada, mas você me achou, descobriu meu esconderijo e expôs tudo que eu tive tanto trabalho pra esconder. Você confundiu meus sentidos, não percebeu meus poemas nas entre linhas e foi embora. Você pensou que tudo seria fácil, mas deixe-me dizer uma coisa: Mulher não é uma equação matemática que precisa ser resolvida, ela precisa ser estudada e assim, ser compreendida. Mulher é um bixo doido, e eu não sou diferente. Você chegou pela lateral do meu caminho torto, quis me enganar com seu jeito de menino do campo, e em minha defesa, eu omiti todo o meu sentimento. Aos poucos, você achou espaço, invadiu e fez a maior arruaça como se a casa fosse sua. E deixe-me lembrar: ela não é. E você não é mais bem-vindo aqui. Se você não é capaz de compreender a minha confusão, então não merece o meu afeto. Se não gosta de se molhar, não ande sob a chuva. Eu cansei e você sabe disso. Pegue todo o seu fardo e vá embora. Pode deixar que a bagunça eu limpo toda, sozinha mesmo, porque vai ser satisfatório aspirar todo o pó que você deixou. Não perca seu tempo tentando entender os meus parágrafos incompletos. Os meus versos, eles não são para quem os lê. Eles são para quem os sentem.
terça-feira, 14 de abril de 2015
Culpada.
Eu sei que você nunca acreditou em desculpas. Sei que elas
são vagas e não significam nada, sei disso. Mas eu preciso me desculpar. Então,
me desculpa. Desculpa a minha insensibilidade, a minha grosseria, a minha
rejeição. Desculpa a minha bagunça, o meu desarrumado, a minha confusão. Não é
você. Sou eu. Você não é culpado, eu quem fiz tudo errado. Sou eu quem transferiu
para os seus ombros largos, todo o meu fardo. A minha bagagem pesada e
carregada de sentimentos tristes. Foi o meu passado, a minha incerteza, as
minhas desilusões. Foi as mágoas que eu acumulei, as vírgulas espalhadas pela
minha história, foi as mentiras que me contaram. Foi a ferida que ficou aberta,
foi a cura que eu nunca encontrei. Eu não soube diferencia-lo, eu achei que
todos fossem iguais. Mas você não era. Eu fiquei com medo, eu te disse não. Eu
tive medo de amar de novo. Eu disse não pro seu amor. Me desculpa. Naqueles
dias em que eu não queria ver ninguém e você apareceu com chocolates e
sorvetes, me desculpe por isso também. Eu te prendi e te fiz perder tempo. Eu
sei, não vai adiantar mas eu queria que você soubesse que foi real. Todo o
nosso tempo. Me desculpa por ter te feito acreditar. Desculpa por tudo ter
começado, me desculpa pelo jeito como tudo terminou. Pedir para que você
voltasse seria ousado demais? Eu mereceria uma chance a mais? Desculpa, eu
nunca quis magoar você. É tarde demais?
terça-feira, 7 de abril de 2015
O amor está por aí.
O amor sempre esteve aqui, ao lado. Na minha frente, nas
minhas costas. Ele sempre me rodeou, mas me neguei a enxerga-lo. Por muito
tempo acreditei que o amor fosse algo que eu precisasse, por muito tempo me vi
numa busca interminável para encontra-lo. Eu to falando de um sentimento que
nomeei de “amor”. To falando daquele sentimento que a gente vê nos filmes da
Disney. To falando do príncipe encantado, e da minha fantasia em acreditar que eu
preciso de alguém para ser feliz. Eu acho que conheci o amor, uma vez. Faz
muito tempo. E foi um tempo doido. Depois, cabô. Nunca mais. A verdade, vou
contar, é que a todo momento, eu me precipitei. Eu achei que as coisas seriam
como eu as imaginava. Eu pensei que tudo ocorreria como os diálogos que criei
sozinha, deitada na minha cama. Então, vinha alguém e ploft! Me provava que eu
estava errada. E doía. Teve gente que disse que eu era burra. Que eu gostava de
sofrer. Na na ni na não! Não queridinho, não somos burros por acreditarmos nas
pessoas. Somos bons. Bons demais para aqueles que sentem prazer em iludir o
outro. E quem é bom, uma hora é recompensado. Depois de tanto tempo dando murro
em ponta de faca, minha definição sobre amor é outra. Amor é o que eu ofereço as pessoas, aceita
quem quer. Amor pra mim é o que vem de dentro.
E agora eu sou uma pessoa cheia. Eu sou alguém que transborda amor por
aí. Eu gosto de sorrir pra quem eu não conheço, eu gosto de conversar com desconhecidos
na fila do ônibus. Amor é você sentir vontade de ajudar aquele que tem menos
que você. Amor está nas pequenas coisas. No café que você prepara pra sua
família. No presente que você dá praquele que ama, mesmo não sendo nenhuma data
comemorativa. Amor é consolar quem precisa do seu ombro. É oferecer o silêncio
quando alguém só quer falar, falar e falar. E você ouve, porque sabe que é o
que ela precisa. Amor é oferecer a mão pra quem tá na beira do abismo. É
difícil, eu sei, dar amor. Tem gente que não aceita. Tem gente que tá ferida
demais pra acreditar de novo. Tem gente que pisa, machuca, porque um dia também
foi ferido. É difícil sorrir pra tudo, quando todo o mundo parece estar de cara
feia pra você. É difícil porque às vezes você não quer nem ouvir a própria voz,
quem dirá a do outro. Mas eu lhe garanto: Vale a pena. Por dentro às vezes, está tudo cinza, mas por
fora eu sou arco-íris. Eu aprendi que a minha dor, ela não é a maior do mundo.
E que ninguém tem culpa se na minha vida nada dá certo. As pessoas vão sempre
esperar o melhor de mim, porque é isso que a gente faz: cria expectativas. E eu
não to nem aí se eu me decepcionar, porque a minha bagagem já tá cheia. Eu
coleciono decepções e pra cada uma delas, eu dou um nome. Aprendizado. E assim,
eu dou o melhor. E faço o meu melhor. Esse foi o jeito que eu aprendi a
superar. As pessoas, elas não são iguais. Elas não possuem os mesmos erros, e
nós não devemos julga-las com antecipação. A vida toda vai passar e você vai
continuar batendo a cabeça na parede, vai continuar confiando em quem não
devia. Não tem como evitar, nós somos assim. E a cada encruzilhada, você vai
encontrar o caminho certo. E se o caminho estiver torto, endireite-o. E se as
pessoas quiserem consertar você, não deixe. Na vida, a gente encontra quem nos
ame pelo que somos, mas vamos encontrar quem nos odeie pelo mesmo motivo. Dentro de mim, eu carrego uma porção
gigantesca de amor, e eu vou distribui-lo. E sobre aquele amor que eu disse
antes, ele é bom. Ele é maravilhoso quando encontramos alguém que está disposto
a oferecer a mesma medida. E enquanto
ele não chega, vou treinando com o espelho. Vou me amando. A gente só é
perfeito para alguém, quando somos valiosos para nós mesmos.
segunda-feira, 6 de abril de 2015
Ela apenas é.
A luz do sol fazia um belo contorno ao redor dela. Com os
pés enlaçados um no outro, ela estava deitada naquela rede velha, toda
colorida, com um cacho de uva na mão. Parecia uma moleca daquele jeito. Ela
jogava algumas em minha direção, para eu tentar pega-las com a boca. Quando
errava, ela gargalhava, como seu eu fosse a pessoa mais engraçada do mundo. Ela
ria tão bonito, que comecei a errar propositalmente. Eu estava logo atrás,
sentado na cadeira de balanço do meu avô. Dedilhava uma música sem melodia no
violão, enquanto em silencio, a observava. De olhos fechados, ela mexia as mãos
no alto, como se regesse uma orquestra. –“ Não pare, John, não pare.” Mas então
ela veio até mim caminhando, com passos tranquilos e seguros, e me tomou pela mão. Larguei o violão e
iniciamos uma dança, no silencio. Uma música nossa. Enquanto ela acariciava
minha nuca, desejei que aquele momento jamais acabasse. Um passo em falso e
quando percebi, estávamos os dois no chão. O sol refletia na blusa vermelha
dela, e aquela cor, naquele momento, ela parecia um planeta. Marte. Quente. Um
lugar que só eu habitava. Ela então me beijou, demoradamente. Quando nos
soltamos, olhei bem em seus olhos de jabuticaba e disse: “Casa comigo Duda?”
Ela rolou pro lado, rindo. “Ah John, você é tão... Previsível! Venha, vou fazer
uma coisa pra você.” Ela me sentou na mesa enorme da minha vó, e começou a
bater rapidamente as portas do armário, em busca de alguma coisa. “Vou fazer um
bolo pra você, John. Um bolo de amor.” E foi ali que eu percebi, que não
importava o que acontecesse, valeu a pena. Se nossa vida acabasse agora, valeu
a pena cada segundo só por eu a ter conhecido. Valeu a pena porque tudo que há
nela falta em mim. E tudo que ela faz é certo. Ainda que seja errado, é certo.
E lindo. Porque ela simplesmente é, tudo... Tudo que há de extraordinário. Ela é a tristeza e a alegria andando junto.
Porque ela é a luz na escuridão. Ela é a areia do mar. Ela é a faísca que
mantém toda a nossa brasa acesa. O meu começo, meio e o fim. Ela é o lugar que
eu escolhi pra morar. E ficar, pra sempre.
sexta-feira, 20 de março de 2015
Viajar e além.
Eu e você. Você e eu. Nós dois e uma estrada só nossa. Uma
estrada onde não consigamos ver o horizonte. Eu já tracei nosso caminho, eu já
refiz nosso destino. Vamos fugir, só você e eu. Eu e você, fugindo de toda essa
gente complicada que não entende bulhufas do nosso amor cômico. Dentro do seu
carro, eu joguei algumas peças da nossas roupas e aquela sua barraca velha. A
gente pode acampar na floresta e comer em beira de estrada. E depois dormir
juntinhos, olhando as estrelas. Coisas novas, jogar tudo no carro, correr pro
infinito. Fast Car tocando alto no
rádio, seu sorriso irradiando tudo, minha cabeça pra fora da janela, e a brisa
tocando meu rosto. O vento trazendo tudo que há de lindo no mundo. Encontrar
uma ilha deserta, se apossar dela. Olhar o mar, entrar no mar, deixar ele nos
levar. Brincar na areia, caminhar na areia, te enterrar na areia. Te deixar ir
pra te ver voltar. Cidade desconhecida, sotaque estranho. Rir da cultura, das
pessoas, do seu cabelo coberto de neve. Te mimar, te xingar, te ouvir. Escutar
nossa música preferida, te tirar pra dançar, cair no carpete. Ter nossas brigas, fazer as pazes do nosso
jeito. Te fazer feliz, te fazer chorar, continuar do seu lado. Eu de branco,
você no altar, ter nossa casa no campo. Suas manias, meus defeitos, nossa vida.
Pegar na sua mão, ouvir sua respiração, bater forte meu coração. Envelhecer
juntos, criar nossos filhos, explorar todo o universo. Sentir o amor, celebrar o
amor, viver do nosso amor.
quinta-feira, 12 de março de 2015
A Janela.
Com uma caneca de café na mão, me debrucei sobre o
batente da minha janela. Enquanto a chuva caía forte lá fora, fiquei observando
cada gota desenhar seu rosto no vidro, e senti quando um frio avassalador
atravessou meu corpo. Quando dei por mim, uma lágrima insistia em cair, e com
um sorriso, limpei-a com as minhas mãos. Eu não gosto de me lembrar de você com
tristeza. Construir toda a nossa história, deu um trabalhão danado para eu ter
que resumi-la em lágrimas. Ficou um “quê” de quero mais na nossa despedida.
Embora saibamos que foi melhor assim, lá no fundo, nós sempre vamos querer mais
de nós dois juntos. Porque era bom e ao mesmo tempo, tão errado. Nós não nos
completávamos, nós nos entendíamos. E isso bastava. A compreensão, digo. Você nunca
questionou o fato de eu dormir com os pés descobertos, e eu nunca te disse que
você ficava horrível de samba canção e meias. E todo mundo dizia que era lindo
nos ver assim, nos compreendendo. Mas só nós dois sabíamos que não era assim o
tempo todo, e que alguma coisa faltava. Até hoje eu não sei dizer o que faltou.
Nem você. Só foi assim, um dia depois do cinema, você me deixando em casa e no
nosso beijo, uma faísca de adeus. Bem distante, eu conseguia ouvir aquela
música do Coldplay, a The Scientist. Depois
de se afastar você disse: - Então é
isso. Eu não sabia se era uma pergunta então, só concordei: - É isso, então. Você
entrou no carro, acelerou e se foi. No dia seguinte, não havia mensagens. Nos
meses que se seguiram, não houve ligações. Não sei se você esperou, mas eu
também não liguei. Nem mandei mensagem. E assim, nosso amor estacionou. Também
não sei se foi amor, mas foi algo fora do normal. E mágico. E que dá vontade de rir quando
lembro. Mas que não dá vontade de viver de novo. É uma confusão interna que eu
nunca soube entender, quem dirá explicar. Tentei tanto desvendar nossos
mistérios, que cheguei à conclusão que a gente nunca teve conserto. Não sei nem
se a gente quebrou. Mas a gente deu certo, sim. E essa foi nossa missão: Sermos
felizes. Fomos por um longo período e fim. Fui ser feliz com meus livros, e
você, com seus discos de vinil. Nosso adeus foi em paz. Silencioso e
inesperado. Não teve gritos, nem batidas na porta e nem palavrões. Foi um beijo
e só. Intenso e carregado de culpa. Pelo oque? Não sabemos. Aqui sentada,
olhando pela janela, eu senti sua falta. Eu nunca pensei que sentiria. Sob essa
janela, há tantos pensamentos confusos que você não compreenderia, mas
aceitaria, de bom grado. Diante dela, há um punhado de coisas que faríamos
juntos. E faríamos bem feito! Além da janela, há um mundo que um dia chamamos
de nosso. E só hoje eu percebi, tarde demais, que ele não faz o menor sentido
sem você.
terça-feira, 10 de março de 2015
Sorte.
Ontem, depois que você me levou até a cama, eu fingi estar
dormindo só para ser carregada por você. E depois, quando você deitou do meu
lado, segurei o riso ao perceber que você não apagou a luz por saber que tenho
medo do escuro. Quis dizer que eu não tenho medo de nada quando você tá aqui,
pertinho, mas você já estava dormindo. Eu fiquei quietinha, ouvindo sua
respiração tão calma, preencher o silencio do nosso quarto pequeno. Eu fiquei
olhando pro seu rosto relaxado, tão diferente da sua expressão concentrada
enquanto assiste o jornal na TV logo pela manhã. Fiquei reparando nos seus
olhos, que mesmo fechados, ainda são a coisa mais linda que já vi. Me aproximei
e você continuou dormindo. Apoiei minha cabeça nos seus ombros e quando você me
abraçou, soube o quão sortuda eu sou. Naquela noite fria de Julho quando
enquanto corria para não perder o taxi, você trombou comigo saindo da livraria
e derrubou todos os meus livros, a sorte sorriu para nós. E a vida tem sido
linda desde então. Você chegou e levou para longe uma gama de sentimentos
tristes e vazios. Trouxe consigo, a esperança de um amanhecer azul mesmo em
dias cinzas. E uma vontade incontrolável de abrir os braços e mergulhar nesse
mar imenso que você me apresentou como amor. No meio de toda a minha bagunça,
devagar, você colocou tudo no lugar. E tem organizado, do seu jeito, cada
cômodo desarrumado do meu coração. Às vezes, eu surto e quero jogar tudo para o
alto, mas você, tão paciente, me convence de que tudo fica mais bonito assim,
arrumado e organizado. No meio de toda aquela gente chata que você admirava, você me
enxergou. Entre toda aquela gente desinteressante, eu te sorri. E você
sorriu de volta. Diante de tantos caminhos, o destino nos escolheu. Com tantas almas espalhadas por aí, o amor nos encontrou. E sem questionar, a gente apenas aceitou.
segunda-feira, 9 de março de 2015
Verbos.
Amo... Amo o barulho que a sua barba faz ao roçar minha pele. Amo seu mau humor quando acorda. Amo seus beijos nos nós dos meus dedos. Amo sua mão na minha perna enquanto dirige. Amo o som da sua respiração enquanto dorme. Amo sua voz desafinada cantando no meu ouvido. Amo amar você e esse amor transbordar no meu peito. Odeio... Odeio nossas despedidas no portão de casa. Odeio quando acordo e não tenho você. Odeio o tom da sua voz soando alto no meio das nossas brigas. Odeio não conseguir te odiar por completo. Quero... Quero traçar meus caminhos que agora, são nossos. Quero te xingar jogando vídeo game. Quero dormir na rede depois do almoço na casa da sua vó. Quero dias frios e o calor do seu corpo no meu. Quero morrer de amor e continuar vivendo. Sinto... Sinto o coração bater nas costas quando te vejo caminhando em minha direção. Sinto cada parte do meu corpo vibrar quando ouço seu nome. Sinto a alma flutuar todas as vezes em que baixinho, você diz me amar. Preciso... Preciso da sua calma na minha rotina louca. Preciso do seu cheiro irradiando a nossa casa. Preciso do seu sorriso trazendo a esperança de dias lindos. Tudo de mim, precisa de tudo que há em você. É fácil conjugar você, meu bem. Você é meu pretérito perfeito. Você é os versos simples do nosso poema tão complexo.
quarta-feira, 4 de março de 2015
Gente bonita.
Gente bonita pra mim é gente educada. Gente que faz o bem sem olhar a quem. Gente que cuida de quem ama. Gente que não guarda magoa e nem rancor porque sabe que isso fará mal a si mesmo. Gente bonita é gente que aceita sair com amigo duro, ou que prefere ver um filme em casa porque o amigo não tem grana pra balada. Gente que é humilde. Gente bonita é gente que não conquista pros outros, mas conquista pra si mesmo. Gente que não faz pra mostrar pro próximo, mas faz pra se sentir bem. Gente bonita é gente que não tem vergonha de onde mora, ou da família que tem. Gente bonita pra mim, é gente bonita por dentro. Que sorri pro mundo. Que fala bom dia. Roupas de marca, status e classe social não diz quem você é. Diz a situação financeira em que você vive. Dinheiro não compra felicidade e nem coração livre. Dinheiro não compra consciência limpa. E beleza meu caro, um dia acaba. Seu caráter fica. Pra sempre.
terça-feira, 3 de março de 2015
Se.
Se você estivesse me olhando agora, veria que em meus olhos,
há um cansaço indescritível. E em meu coração, um vazio que me sufoca. Se você prestasse
bastante atenção, veria que bem no íntimo da minha alma, há seu nome tatuado. E
os meus pensamentos, eles são todos seu. Se você me espionasse durante a
noite, veria que durante o sono, chamo por você. Se for curioso o bastante para mexer na minha bolsa, vai encontrar no meio da minha bagunça, uma lista interminável de coisas que quero fazer com você. Um cheque list completo de todos os momentos que quero passar, do seu lado. Se me sondasse durante
o dia, veria a minha felicidade ao receber uma mensagem sua. Se de mansinho, você afastasse as cortinas do meu quarto, me flagraria escrevendo todos esses textos pra você. Se for até a pracinha do bairro, e contar a terceira arvore da direita, encontrará rabiscada nela, aquela música do Jason Mraz que escuto pensando em nós. Se você quer saber, eu te entendo. De verdade. É difícil a gente se doar assim, inteirinho pro outro. É difícil acreditar que o "Se" deixará de existir. É difícil de achar a certeza, nesse mundo torto. A vida é incerta
demais. E eu to cansada também, sabe? De ser assim, incerta. Eu quero ser
certa. Pra você. Pra nós dois. Se você me desse uma chance, eu te provaria. Se você
me desse uma chance, eu deixaria você provar dessa felicidade infinita que liberta. Se você deixasse, eu faria com que você quisesse ficar. Eu ficaria
também, pra sempre.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
De todos os amores, o primeiro.
O nosso amor foi uma coisa louca, não acha? O nosso amor,
foi uma coisa que ninguém entendeu. Ninguém acreditou. Nem eu. Nunca botei fé
no nosso amor. Nem em você. Mas ele foi real, do nosso jeito. A gente viveu um
dia de cada vez e ele foi eterno assim, dentro do pouco tempo que nos foi
permitido. E quando ele acabou, eu sofri. Você sabe. Você também sofreu. Eu
sei. E, sabe, foi difícil me acostumar com a sua falta. Eu nunca superei sua
perda. Mas eu cansei de chamar seu nome e uma dor latejante me atingir, então
eu só aceitei. E chorei baixinho, todas as noites. Todas as noites também, você
apareceu para me lembrar do quanto me amou. Mas isso não era suficiente. Eu
sempre te disse que só o amor não bastava. Naquela época, para nós, o amor era
tudo, mas esse tudo ainda era pouco. Você nunca me entendeu. Todos esses anos
quando escondida, eu olhava para aquela nossa foto no fundo da minha gaveta,
algo dentro de mim, pulsava. Eu queria te dizer que eu pensei em você. Muito. Eu
ainda penso, todos os dias. Gosto de lembrar da gente. Da gente caindo de bicicleta, e fazendo sanduíche na minha cozinha. Da gente brincando de esconde esconde na varanda da sua casa, e de dormir assistindo filmes desinteressantes. Gosto de lembrar da
gente correndo na chuva, do meu cabelo grudado no rosto, e você o afastando
para me olhar melhor. Gosto de fechar os olhos e ver você. Sempre sorrindo. Me
fazendo sorrir também. De você, todo bobo. De mim, toda cega. Sorrir da nossa
vida, toda louca. Esta, era pra ser uma carta de despedida, mas você sabe que
eu não sou nada boa com despedidas. Eu nunca soube dizer adeus. Nem a você.
Você foi embora e eu nem pude dizer tudo
que precisava ser dito. Mas você sabia. Você sempre soube do que se passava
aqui, dentro. Nosso amor foi assim, perturbado, elétrico e insano demais. Além
de tudo que possa ser explicado. E embora fossemos assim, complicados demais,
estarmos juntos, era o que precisávamos. E quando as palavras faltavam, o
silencio se fazia presente. Nos perdíamos nele. Nos encontrávamos dentro do mundo
que era só nosso. Nos realizávamos no meio dos nossos sonhos. Na verdade, nunca
planejamos nada, porque sabíamos que não haveria futuro. E era mais gostoso
viver assim. Nós e o presente. Meu futuro ainda é inserto, sabe? Mas meu
passado carrega um punhado de você... Ele é repleto de você. É por isso que não
sei dizer adeus. E nem quero. Você não foi meu último amor, e nem será o único.
Mas foi o primeiro. E não importa quantos venham, serão sempre comparados a
você. De todos os amores que terei, é de
você que quero sempre me lembrar.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Livre.
- “Se você pudesse ser um animal, qual seria?” Você me
olhou de canto, com aquela expressão que sempre tem quando me acha louca.
Quando estava quase me arrependendo por ter perguntado, você entrou na minha: -
“Um pássaro. Porque eu quero ser livre. E eu sou livre. E eu gosto de voar. Eu
gosto de sentir a brisa tocar meu rosto.” Ali, entendi porque você dirigia com
o rosto pra fora da janela do carro. A cama de solteiro era pequena demais pra
nós dois, então você me trouxe mais pra perto, enlaçando suas pernas nas minhas.
– “E você?” - “Uma girafa”. Respondi com
o rosto enterrado no seu pescoço, encabulada. – “Porque ela é amarela”. Você
gargalhou. Eu sabia que estava tirando sarro da minha cara, mas caramba, como
eu amo ouvir você gargalhando! – “Você seria alta demais. Eu gosto de você
assim, pequena. Eu gosto que você caiba no meu colo.” Você sabe que eu nunca
sei o que dizer, então eu o beijo. Intensamente. É o que eu sempre faço, quando
as palavras faltam. Naquele chuvoso domingo de janeiro, depois de termos dito coisas que nos
arrependeríamos, você gritou que precisava de um tempo. Um tempo de nós. Eu
gritei de volta para que você voasse para longe de mim, afinal era um pássaro.
Arregalando os olhos, você bateu a porta. Eu fiquei na janela enquanto o via se
afastar, embaixo da chuva fria, sem olhar pra trás. Eu quis ser grande naquela noite. Forte e resistente. Mas
você sempre teve razão. Eu era pequena e frágil. Seu colo era tudo que
precisava.
E aí, teve uma sexta-feira fria, e eu recusei o convite daquela minha colega de
quarto da época da faculdade que você nunca aprovou, ela me convidou para sair
por aí, mas eu não quis. Acho que parte de mim sabia, sabia que ainda havia
você. Sempre haveria você. Eu estava embolada até a cabeça nas cobertas quando ouvi
fortes batidas na porta. E quando a abri, fechei os olhos para tentar acordar
daquele sonho que imaginei estar, mas quando os abri novamente, lá
estava você. Com um passo, você ficou tão perto que, eu podia ver as pálpebras
dos seus olhos inchados, o que indicava que você esteve chorando. E antes que
eu pudesse abraça-lo, você me puxou para si e selou seus lábios nos meus com
uma urgência profunda. Seus lábios se afastaram, e com a testa encostada na
minha, você sussurrou: - “Pelo amor de Deus, onde eu estava com a cabeça? Eu
sou um pássaro, eu sei. Mas não sei ser livre, pequena. Não sei me libertar de
você.” Naquela noite entendi. Entendi sua forma de amar. De todos os caminhos que
trilhou, você escolheu o meu. De todos os ninhos em que pousou, você voltou pro
nosso.
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