terça-feira, 10 de março de 2015

Sorte.

Ontem, depois que você me levou até a cama, eu fingi estar dormindo só para ser carregada por você. E depois, quando você deitou do meu lado, segurei o riso ao perceber que você não apagou a luz por saber que tenho medo do escuro. Quis dizer que eu não tenho medo de nada quando você tá aqui, pertinho, mas você já estava dormindo. Eu fiquei quietinha, ouvindo sua respiração tão calma, preencher o silencio do nosso quarto pequeno. Eu fiquei olhando pro seu rosto relaxado, tão diferente da sua expressão concentrada enquanto assiste o jornal na TV logo pela manhã. Fiquei reparando nos seus olhos, que mesmo fechados, ainda são a coisa mais linda que já vi. Me aproximei e você continuou dormindo. Apoiei minha cabeça nos seus ombros e quando você me abraçou, soube o quão sortuda eu sou. Naquela noite fria de Julho quando enquanto corria para não perder o taxi, você trombou comigo saindo da livraria e derrubou todos os meus livros, a sorte sorriu para nós. E a vida tem sido linda desde então. Você chegou e levou para longe uma gama de sentimentos tristes e vazios. Trouxe consigo, a esperança de um amanhecer azul mesmo em dias cinzas. E uma vontade incontrolável de abrir os braços e mergulhar nesse mar imenso que você me apresentou como amor. No meio de toda a minha bagunça, devagar, você colocou tudo no lugar. E tem organizado, do seu jeito, cada cômodo desarrumado do meu coração. Às vezes, eu surto e quero jogar tudo para o alto, mas você, tão paciente, me convence de que tudo fica mais bonito assim, arrumado e organizado. No meio de toda aquela gente chata que você admirava, você me enxergou. Entre toda aquela gente desinteressante, eu te sorri. E você sorriu de volta. Diante de tantos caminhos, o destino nos escolheu. Com tantas almas espalhadas por aí, o amor nos encontrou. E sem questionar, a gente apenas aceitou.


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