sexta-feira, 20 de março de 2015

Viajar e além.



Eu e você. Você e eu. Nós dois e uma estrada só nossa. Uma estrada onde não consigamos ver o horizonte. Eu já tracei nosso caminho, eu já refiz nosso destino. Vamos fugir, só você e eu. Eu e você, fugindo de toda essa gente complicada que não entende bulhufas do nosso amor cômico. Dentro do seu carro, eu joguei algumas peças da nossas roupas e aquela sua barraca velha. A gente pode acampar na floresta e comer em beira de estrada. E depois dormir juntinhos, olhando as estrelas. Coisas novas, jogar tudo no carro, correr pro infinito. Fast Car tocando alto no rádio, seu sorriso irradiando tudo, minha cabeça pra fora da janela, e a brisa tocando meu rosto. O vento trazendo tudo que há de lindo no mundo. Encontrar uma ilha deserta, se apossar dela. Olhar o mar, entrar no mar, deixar ele nos levar. Brincar na areia, caminhar na areia, te enterrar na areia. Te deixar ir pra te ver voltar. Cidade desconhecida, sotaque estranho. Rir da cultura, das pessoas, do seu cabelo coberto de neve. Te mimar, te xingar, te ouvir. Escutar nossa música preferida, te tirar pra dançar, cair no carpete.  Ter nossas brigas, fazer as pazes do nosso jeito. Te fazer feliz, te fazer chorar, continuar do seu lado. Eu de branco, você no altar, ter nossa casa no campo. Suas manias, meus defeitos, nossa vida. Pegar na sua mão, ouvir sua respiração, bater forte meu coração. Envelhecer juntos, criar nossos filhos, explorar todo o universo. Sentir o amor, celebrar o amor, viver do nosso amor.


quinta-feira, 12 de março de 2015

A Janela.

Com uma caneca de café na mão, me debrucei sobre o batente da minha janela. Enquanto a chuva caía forte lá fora, fiquei observando cada gota desenhar seu rosto no vidro, e senti quando um frio avassalador atravessou meu corpo. Quando dei por mim, uma lágrima insistia em cair, e com um sorriso, limpei-a com as minhas mãos. Eu não gosto de me lembrar de você com tristeza. Construir toda a nossa história, deu um trabalhão danado para eu ter que resumi-la em lágrimas. Ficou um “quê” de quero mais na nossa despedida. Embora saibamos que foi melhor assim, lá no fundo, nós sempre vamos querer mais de nós dois juntos. Porque era bom e ao mesmo tempo, tão errado. Nós não nos completávamos, nós nos entendíamos. E isso bastava. A compreensão, digo. Você nunca questionou o fato de eu dormir com os pés descobertos, e eu nunca te disse que você ficava horrível de samba canção e meias. E todo mundo dizia que era lindo nos ver assim, nos compreendendo. Mas só nós dois sabíamos que não era assim o tempo todo, e que alguma coisa faltava. Até hoje eu não sei dizer o que faltou. Nem você. Só foi assim, um dia depois do cinema, você me deixando em casa e no nosso beijo, uma faísca de adeus. Bem distante, eu conseguia ouvir aquela música do Coldplay, a The Scientist. Depois de se afastar você disse: - Então é isso. Eu não sabia se era uma pergunta então, só concordei: - É isso, então. Você entrou no carro, acelerou e se foi. No dia seguinte, não havia mensagens. Nos meses que se seguiram, não houve ligações. Não sei se você esperou, mas eu também não liguei. Nem mandei mensagem. E assim, nosso amor estacionou. Também não sei se foi amor, mas foi algo fora do normal.  E mágico. E que dá vontade de rir quando lembro. Mas que não dá vontade de viver de novo. É uma confusão interna que eu nunca soube entender, quem dirá explicar. Tentei tanto desvendar nossos mistérios, que cheguei à conclusão que a gente nunca teve conserto. Não sei nem se a gente quebrou. Mas a gente deu certo, sim. E essa foi nossa missão: Sermos felizes. Fomos por um longo período e fim. Fui ser feliz com meus livros, e você, com seus discos de vinil. Nosso adeus foi em paz. Silencioso e inesperado. Não teve gritos, nem batidas na porta e nem palavrões. Foi um beijo e só. Intenso e carregado de culpa. Pelo oque? Não sabemos. Aqui sentada, olhando pela janela, eu senti sua falta. Eu nunca pensei que sentiria. Sob essa janela, há tantos pensamentos confusos que você não compreenderia, mas aceitaria, de bom grado. Diante dela, há um punhado de coisas que faríamos juntos. E faríamos bem feito! Além da janela, há um mundo que um dia chamamos de nosso. E só hoje eu percebi, tarde demais, que ele não faz o menor sentido sem você.


terça-feira, 10 de março de 2015

Sorte.

Ontem, depois que você me levou até a cama, eu fingi estar dormindo só para ser carregada por você. E depois, quando você deitou do meu lado, segurei o riso ao perceber que você não apagou a luz por saber que tenho medo do escuro. Quis dizer que eu não tenho medo de nada quando você tá aqui, pertinho, mas você já estava dormindo. Eu fiquei quietinha, ouvindo sua respiração tão calma, preencher o silencio do nosso quarto pequeno. Eu fiquei olhando pro seu rosto relaxado, tão diferente da sua expressão concentrada enquanto assiste o jornal na TV logo pela manhã. Fiquei reparando nos seus olhos, que mesmo fechados, ainda são a coisa mais linda que já vi. Me aproximei e você continuou dormindo. Apoiei minha cabeça nos seus ombros e quando você me abraçou, soube o quão sortuda eu sou. Naquela noite fria de Julho quando enquanto corria para não perder o taxi, você trombou comigo saindo da livraria e derrubou todos os meus livros, a sorte sorriu para nós. E a vida tem sido linda desde então. Você chegou e levou para longe uma gama de sentimentos tristes e vazios. Trouxe consigo, a esperança de um amanhecer azul mesmo em dias cinzas. E uma vontade incontrolável de abrir os braços e mergulhar nesse mar imenso que você me apresentou como amor. No meio de toda a minha bagunça, devagar, você colocou tudo no lugar. E tem organizado, do seu jeito, cada cômodo desarrumado do meu coração. Às vezes, eu surto e quero jogar tudo para o alto, mas você, tão paciente, me convence de que tudo fica mais bonito assim, arrumado e organizado. No meio de toda aquela gente chata que você admirava, você me enxergou. Entre toda aquela gente desinteressante, eu te sorri. E você sorriu de volta. Diante de tantos caminhos, o destino nos escolheu. Com tantas almas espalhadas por aí, o amor nos encontrou. E sem questionar, a gente apenas aceitou.


segunda-feira, 9 de março de 2015

Verbos.

Amo... Amo o barulho que a sua barba faz ao roçar minha pele. Amo seu mau humor quando acorda. Amo seus beijos nos nós dos meus dedos. Amo sua mão na minha perna enquanto dirige. Amo o som da sua respiração enquanto dorme. Amo sua voz desafinada cantando no meu ouvido. Amo amar você e esse amor transbordar no meu peito. Odeio... Odeio nossas despedidas no portão de casa. Odeio quando acordo e não tenho você. Odeio o tom da sua voz soando alto no meio das nossas brigas. Odeio não conseguir te odiar por completo. Quero... Quero traçar meus caminhos que agora, são nossos. Quero te xingar jogando vídeo game. Quero dormir na rede depois do almoço na casa da sua vó. Quero dias frios e o calor do seu corpo no meu. Quero morrer de amor e continuar vivendo. Sinto... Sinto o coração bater nas costas quando te vejo caminhando em minha direção. Sinto cada parte do meu corpo vibrar quando ouço seu nome. Sinto a alma flutuar todas as vezes em que baixinho, você diz me amar. Preciso... Preciso da sua calma na minha rotina louca. Preciso do seu cheiro irradiando a nossa casa. Preciso do seu sorriso trazendo a esperança de dias lindos. Tudo de mim, precisa de tudo que há em você. É fácil conjugar você, meu bem. Você é meu pretérito perfeito. Você é os versos simples do nosso poema tão complexo.



quarta-feira, 4 de março de 2015

Gente bonita.

Gente bonita pra mim é gente educada. Gente que faz o bem sem olhar a quem. Gente que cuida de quem ama. Gente que não guarda magoa e nem rancor porque sabe que isso fará mal a si mesmo. Gente bonita é gente que aceita sair com amigo duro, ou que prefere ver um filme em casa porque o amigo não tem grana pra balada. Gente que é humilde. Gente bonita é gente que não conquista pros outros, mas conquista pra si mesmo. Gente que não faz pra mostrar pro próximo, mas faz pra se sentir bem. Gente bonita é gente que não tem vergonha de onde mora, ou da família que tem. Gente bonita pra mim, é gente bonita por dentro. Que sorri pro mundo. Que fala bom dia. Roupas de marca, status e classe social não diz quem você é. Diz a situação financeira em que você vive. Dinheiro não compra felicidade e nem coração livre. Dinheiro não compra consciência limpa. E beleza meu caro, um dia acaba. Seu caráter fica. Pra sempre.


terça-feira, 3 de março de 2015

Se.

Se você estivesse me olhando agora, veria que em meus olhos, há um cansaço indescritível. E em meu coração, um vazio que me sufoca. Se você prestasse bastante atenção, veria que bem no íntimo da minha alma, há seu nome tatuado. E os meus pensamentos, eles são todos seu. Se você me espionasse durante a noite, veria que durante o sono, chamo por você. Se for curioso o bastante para mexer na minha bolsa, vai encontrar no meio da minha bagunça, uma lista interminável de coisas que quero fazer com você. Um cheque list completo de todos os momentos que quero passar, do seu lado. Se me sondasse durante o dia, veria a minha felicidade ao receber uma mensagem sua. Se de mansinho, você afastasse as cortinas do meu quarto, me flagraria escrevendo todos esses textos pra você. Se for até a pracinha do bairro, e contar a terceira arvore da direita, encontrará rabiscada nela, aquela música do Jason Mraz que escuto pensando em nós. Se você quer saber, eu te entendo. De verdade. É difícil a gente se doar assim, inteirinho pro outro. É difícil acreditar que o "Se" deixará de existir. É difícil de achar a certeza, nesse mundo torto. A vida é incerta demais. E eu to cansada também, sabe? De ser assim, incerta. Eu quero ser certa. Pra você. Pra nós dois. Se você me desse uma chance, eu te provaria. Se você me desse uma chance, eu deixaria você provar dessa felicidade infinita que liberta. Se você deixasse, eu faria com que você quisesse ficar. Eu ficaria também, pra sempre.