Eu e você. Você e eu. Nós dois e uma estrada só nossa. Uma
estrada onde não consigamos ver o horizonte. Eu já tracei nosso caminho, eu já
refiz nosso destino. Vamos fugir, só você e eu. Eu e você, fugindo de toda essa
gente complicada que não entende bulhufas do nosso amor cômico. Dentro do seu
carro, eu joguei algumas peças da nossas roupas e aquela sua barraca velha. A
gente pode acampar na floresta e comer em beira de estrada. E depois dormir
juntinhos, olhando as estrelas. Coisas novas, jogar tudo no carro, correr pro
infinito. Fast Car tocando alto no
rádio, seu sorriso irradiando tudo, minha cabeça pra fora da janela, e a brisa
tocando meu rosto. O vento trazendo tudo que há de lindo no mundo. Encontrar
uma ilha deserta, se apossar dela. Olhar o mar, entrar no mar, deixar ele nos
levar. Brincar na areia, caminhar na areia, te enterrar na areia. Te deixar ir
pra te ver voltar. Cidade desconhecida, sotaque estranho. Rir da cultura, das
pessoas, do seu cabelo coberto de neve. Te mimar, te xingar, te ouvir. Escutar
nossa música preferida, te tirar pra dançar, cair no carpete. Ter nossas brigas, fazer as pazes do nosso
jeito. Te fazer feliz, te fazer chorar, continuar do seu lado. Eu de branco,
você no altar, ter nossa casa no campo. Suas manias, meus defeitos, nossa vida.
Pegar na sua mão, ouvir sua respiração, bater forte meu coração. Envelhecer
juntos, criar nossos filhos, explorar todo o universo. Sentir o amor, celebrar o
amor, viver do nosso amor.
Tão sensível. Tão forte. Tão pequena. Tão grande. Tão irônica. Tão carinhosa. Tão bipolar. Tão frágil. Tão ciumenta. Tão eu.
sexta-feira, 20 de março de 2015
quinta-feira, 12 de março de 2015
A Janela.
Com uma caneca de café na mão, me debrucei sobre o
batente da minha janela. Enquanto a chuva caía forte lá fora, fiquei observando
cada gota desenhar seu rosto no vidro, e senti quando um frio avassalador
atravessou meu corpo. Quando dei por mim, uma lágrima insistia em cair, e com
um sorriso, limpei-a com as minhas mãos. Eu não gosto de me lembrar de você com
tristeza. Construir toda a nossa história, deu um trabalhão danado para eu ter
que resumi-la em lágrimas. Ficou um “quê” de quero mais na nossa despedida.
Embora saibamos que foi melhor assim, lá no fundo, nós sempre vamos querer mais
de nós dois juntos. Porque era bom e ao mesmo tempo, tão errado. Nós não nos
completávamos, nós nos entendíamos. E isso bastava. A compreensão, digo. Você nunca
questionou o fato de eu dormir com os pés descobertos, e eu nunca te disse que
você ficava horrível de samba canção e meias. E todo mundo dizia que era lindo
nos ver assim, nos compreendendo. Mas só nós dois sabíamos que não era assim o
tempo todo, e que alguma coisa faltava. Até hoje eu não sei dizer o que faltou.
Nem você. Só foi assim, um dia depois do cinema, você me deixando em casa e no
nosso beijo, uma faísca de adeus. Bem distante, eu conseguia ouvir aquela
música do Coldplay, a The Scientist. Depois
de se afastar você disse: - Então é
isso. Eu não sabia se era uma pergunta então, só concordei: - É isso, então. Você
entrou no carro, acelerou e se foi. No dia seguinte, não havia mensagens. Nos
meses que se seguiram, não houve ligações. Não sei se você esperou, mas eu
também não liguei. Nem mandei mensagem. E assim, nosso amor estacionou. Também
não sei se foi amor, mas foi algo fora do normal. E mágico. E que dá vontade de rir quando
lembro. Mas que não dá vontade de viver de novo. É uma confusão interna que eu
nunca soube entender, quem dirá explicar. Tentei tanto desvendar nossos
mistérios, que cheguei à conclusão que a gente nunca teve conserto. Não sei nem
se a gente quebrou. Mas a gente deu certo, sim. E essa foi nossa missão: Sermos
felizes. Fomos por um longo período e fim. Fui ser feliz com meus livros, e
você, com seus discos de vinil. Nosso adeus foi em paz. Silencioso e
inesperado. Não teve gritos, nem batidas na porta e nem palavrões. Foi um beijo
e só. Intenso e carregado de culpa. Pelo oque? Não sabemos. Aqui sentada,
olhando pela janela, eu senti sua falta. Eu nunca pensei que sentiria. Sob essa
janela, há tantos pensamentos confusos que você não compreenderia, mas
aceitaria, de bom grado. Diante dela, há um punhado de coisas que faríamos
juntos. E faríamos bem feito! Além da janela, há um mundo que um dia chamamos
de nosso. E só hoje eu percebi, tarde demais, que ele não faz o menor sentido
sem você.
terça-feira, 10 de março de 2015
Sorte.
Ontem, depois que você me levou até a cama, eu fingi estar
dormindo só para ser carregada por você. E depois, quando você deitou do meu
lado, segurei o riso ao perceber que você não apagou a luz por saber que tenho
medo do escuro. Quis dizer que eu não tenho medo de nada quando você tá aqui,
pertinho, mas você já estava dormindo. Eu fiquei quietinha, ouvindo sua
respiração tão calma, preencher o silencio do nosso quarto pequeno. Eu fiquei
olhando pro seu rosto relaxado, tão diferente da sua expressão concentrada
enquanto assiste o jornal na TV logo pela manhã. Fiquei reparando nos seus
olhos, que mesmo fechados, ainda são a coisa mais linda que já vi. Me aproximei
e você continuou dormindo. Apoiei minha cabeça nos seus ombros e quando você me
abraçou, soube o quão sortuda eu sou. Naquela noite fria de Julho quando
enquanto corria para não perder o taxi, você trombou comigo saindo da livraria
e derrubou todos os meus livros, a sorte sorriu para nós. E a vida tem sido
linda desde então. Você chegou e levou para longe uma gama de sentimentos
tristes e vazios. Trouxe consigo, a esperança de um amanhecer azul mesmo em
dias cinzas. E uma vontade incontrolável de abrir os braços e mergulhar nesse
mar imenso que você me apresentou como amor. No meio de toda a minha bagunça,
devagar, você colocou tudo no lugar. E tem organizado, do seu jeito, cada
cômodo desarrumado do meu coração. Às vezes, eu surto e quero jogar tudo para o
alto, mas você, tão paciente, me convence de que tudo fica mais bonito assim,
arrumado e organizado. No meio de toda aquela gente chata que você admirava, você me
enxergou. Entre toda aquela gente desinteressante, eu te sorri. E você
sorriu de volta. Diante de tantos caminhos, o destino nos escolheu. Com tantas almas espalhadas por aí, o amor nos encontrou. E sem questionar, a gente apenas aceitou.
segunda-feira, 9 de março de 2015
Verbos.
Amo... Amo o barulho que a sua barba faz ao roçar minha pele. Amo seu mau humor quando acorda. Amo seus beijos nos nós dos meus dedos. Amo sua mão na minha perna enquanto dirige. Amo o som da sua respiração enquanto dorme. Amo sua voz desafinada cantando no meu ouvido. Amo amar você e esse amor transbordar no meu peito. Odeio... Odeio nossas despedidas no portão de casa. Odeio quando acordo e não tenho você. Odeio o tom da sua voz soando alto no meio das nossas brigas. Odeio não conseguir te odiar por completo. Quero... Quero traçar meus caminhos que agora, são nossos. Quero te xingar jogando vídeo game. Quero dormir na rede depois do almoço na casa da sua vó. Quero dias frios e o calor do seu corpo no meu. Quero morrer de amor e continuar vivendo. Sinto... Sinto o coração bater nas costas quando te vejo caminhando em minha direção. Sinto cada parte do meu corpo vibrar quando ouço seu nome. Sinto a alma flutuar todas as vezes em que baixinho, você diz me amar. Preciso... Preciso da sua calma na minha rotina louca. Preciso do seu cheiro irradiando a nossa casa. Preciso do seu sorriso trazendo a esperança de dias lindos. Tudo de mim, precisa de tudo que há em você. É fácil conjugar você, meu bem. Você é meu pretérito perfeito. Você é os versos simples do nosso poema tão complexo.
quarta-feira, 4 de março de 2015
Gente bonita.
Gente bonita pra mim é gente educada. Gente que faz o bem sem olhar a quem. Gente que cuida de quem ama. Gente que não guarda magoa e nem rancor porque sabe que isso fará mal a si mesmo. Gente bonita é gente que aceita sair com amigo duro, ou que prefere ver um filme em casa porque o amigo não tem grana pra balada. Gente que é humilde. Gente bonita é gente que não conquista pros outros, mas conquista pra si mesmo. Gente que não faz pra mostrar pro próximo, mas faz pra se sentir bem. Gente bonita é gente que não tem vergonha de onde mora, ou da família que tem. Gente bonita pra mim, é gente bonita por dentro. Que sorri pro mundo. Que fala bom dia. Roupas de marca, status e classe social não diz quem você é. Diz a situação financeira em que você vive. Dinheiro não compra felicidade e nem coração livre. Dinheiro não compra consciência limpa. E beleza meu caro, um dia acaba. Seu caráter fica. Pra sempre.
terça-feira, 3 de março de 2015
Se.
Se você estivesse me olhando agora, veria que em meus olhos,
há um cansaço indescritível. E em meu coração, um vazio que me sufoca. Se você prestasse
bastante atenção, veria que bem no íntimo da minha alma, há seu nome tatuado. E
os meus pensamentos, eles são todos seu. Se você me espionasse durante a
noite, veria que durante o sono, chamo por você. Se for curioso o bastante para mexer na minha bolsa, vai encontrar no meio da minha bagunça, uma lista interminável de coisas que quero fazer com você. Um cheque list completo de todos os momentos que quero passar, do seu lado. Se me sondasse durante
o dia, veria a minha felicidade ao receber uma mensagem sua. Se de mansinho, você afastasse as cortinas do meu quarto, me flagraria escrevendo todos esses textos pra você. Se for até a pracinha do bairro, e contar a terceira arvore da direita, encontrará rabiscada nela, aquela música do Jason Mraz que escuto pensando em nós. Se você quer saber, eu te entendo. De verdade. É difícil a gente se doar assim, inteirinho pro outro. É difícil acreditar que o "Se" deixará de existir. É difícil de achar a certeza, nesse mundo torto. A vida é incerta
demais. E eu to cansada também, sabe? De ser assim, incerta. Eu quero ser
certa. Pra você. Pra nós dois. Se você me desse uma chance, eu te provaria. Se você
me desse uma chance, eu deixaria você provar dessa felicidade infinita que liberta. Se você deixasse, eu faria com que você quisesse ficar. Eu ficaria
também, pra sempre.
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