terça-feira, 26 de maio de 2015

Fica.

Silêncio. Está muito escuro aqui, não consigo enxergar nada a um palmo do meu nariz. Mas é muito fácil saber que não estou sozinha. Eu ouço o som mais bonito que já ouvi. Ouço seu coração. Ele martela tão alto que me imagino correndo ao seu encontro em um campo coberto por margaridas, e o céu de um azul anil intenso, parece abraçar e nos levar para um paraíso particular nosso. É um oásis. Todas as vezes em que fecho meus olhos, é essa sensação de leveza e simplicidade que toma conta de todo o meu subconsciente. Todas as vezes em que os abro, vejo seus olhos e compreendo porque o mundo é tão bonito. Você faz as coisas ficarem translúcidas. E comparadas a você, elas são inúteis. É assustador e inevitável ao mesmo tempo. É também, muito inseguro ser assim tão dependente desse sentimento, mas você trás conforto. Irradia confiança. Eu fui fisgada. De repente, devagar, você toma as minhas mãos nas suas, e enquanto beija cada um dos meus dedos, sussurra um 'shhhh' como se estivéssemos fugindo de alguém e não pudéssemos ser descobertos. Você faz meus pensamentos ficarem confusos. Estávamos apenas deitados à luz da lua, e às vezes cochichávamos baixinho, depois de ouvirmos zunidos vindos de insetos que se instalavam ao lado de fora da nossa barraca. Daquele ângulo, a luz fazia uma sombra dura sobre uma parte do seu rosto, e você estava tão lindo que eu quis fotografa-lo e guardar aquela imagem para sempre. Então chega mais perto e fica. Fica mesmo depois do amanhecer. Fica pro almoço, pro meu jantar não tão sofisticado. Fica pra ouvir as piadas ruins que meu pai gosta de contar. Fica porque tudo faz sentido agora. Eu quis te pedir pra ficar, mas antes que eu pudesse fazê-lo, você disse como se estivéssemos ligados através do pensamento: "Eu vou". Eu tenho vontade de me embalar nos seus braços e ficar ali até que o mundo todo se extinga. Sorri. Você sorriu de volta. Juntos nós somos ausentes de palavras e embriagados de amor. É no nosso silêncio que ouço a voz do nosso coração.


quinta-feira, 21 de maio de 2015

Sozinha e só.

Já temi muito a solidão. Eu já quis tudo nessa vida, menos ser sozinha. O mundo deu voltas e hoje, a solidão é a minha melhor companheira. A vida dá dessas às vezes. No começo eu não compreendi muito bem como eu poderia viver feliz sendo assim, solitária, mas depois de diversas vezes dialogar com as estrelas encontrei sentido em acordar, e o lado esquerdo da cama estar vazio. Tardei, mas finalmente percebi que estar sozinha não é de todo ruim, é apenas o tempo que tenho para aperfeiçoar meus próprios sentimentos. Minha solidão não resultou através de decepções ou excesso de confiança depositada em pessoas erradas, foram as minhas escolhas. Minha necessidade em encontrar entre mil e uma possibilidades, a oportunidade correta em poder conhecer a mim mesma e me aceitar como eu sou. Me perguntei, por diversas vezes: De que adianta ter alguém e se sentir vazia? De que adianta ter alguém e querer estar sozinha? Optei então, pela solidão por si só. Se for pra ter alguém, que seja alguém que me queira de volta. Amar sozinha gera fadiga. Quando menos se espera a vida passa, se arrasta, se perde e eu não quero olhar para trás e me ver numa tentativa falha em busca de alguém que preencha o vazio, que às vezes, me vejo estar. Esse vazio logo estará cheio até a borda, jorrando alegria que a vida há de me dar. A solidão tem gosto de café amargo, e ao experimenta-lo todas as manhãs em jejum, aprendi a aprecia-lo. Estar só, não se deve ao fato de ser problemático o suficiente para não conseguir equilibrar um relacionamento a dois. Estar só simplesmente é aprender a admirar o próprio silêncio antes de aturar o do outro. Se não consigo lidar com meus próprios medos, como posso apaziguar a insegurança de quem está comigo? Tem dias em que me pego pela mão e saio por aí, sentindo a brisa forte chicotear meus pensamentos. Sinto o vento trazer para perto, a satisfação de estar sozinha e me sentir completa. Bato os pés com força numa poça de água e vejo no meu reflexo, a melhor companhia que eu poderia ter: A minha própria alma.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Tô aqui, me vê!

Eu nunca vou entender a sua necessidade de reviver o passado. Nunca vou entender sua maneira masoquista de sempre querer mergulhar no mar imenso de tristeza que é o ontem. Por que você olha tanto para trás à procura das migalhas que você ainda tem esperança que ele tenha deixado para você? Vestígios de uma vida que não te trouxe bem algum, mas que você ainda insiste em relembrar. Eu queria, na verdade, ter coragem de estar lhe dizendo isso, e gritar com o meu silêncio todas essas palavras que estão presas em mim. Porém, eu sou somente um cara apaixonado pela melhor amiga. Eu prefiro guardar tudo isso, e ficar te olhando, enquanto você abana as mãos no ar, insolente, quando eu digo que ele não a merece. Você sabe o valor que possui, mas a falsa proteção que ele lhe garantiu, te limita. Eu entendo quando diz que não quer se machucar de novo, e é contraditório quando você resolve atender todas as ligações dele mesmo sabendo que no fim da noite vai dar tudo errado, mas eu apenas não consigo não abraça-la quando está a beira das lágrimas porque ele não compareceu ao jantar que você preparou. Às vezes, tenho vontade de lhe sacudir pelos ombros e forçar a me enxergar, mas seria doloroso demais ouvir de sua própria boca que não sou ele. Eu me revirei na cama a noite toda com as lembranças de uma história feliz que eu sonho todos os dias em construir com você. E eu to cansado. Eu to exausto, menina. Eu to cansado de consolar e nunca ser consolado. Eu to exausto de me doar demais e não receber nada, nunca. Eu não quero pedir muito, só quero você. E eu te amo, é isso. Só que eu te amo demais pra ficar aqui, de mãos atadas vendo você sofrendo tanto. Então, eu to indo embora. E não voltarei jamais. Mas sabe de uma coisa menina? O coração quer o que ele quer. Eu já não tenho controle nenhum sobre ele. Eu continuo indo embora, continuo animado para ver um céu azul e assistir ao por do sol do alto de uma montanha do lado leste do país. Continuo buscando minha felicidade, sozinho. Mas, deixei uma pista embaixo do seu tapete da sala de estar. A pista vai te levar para onde eu estarei. E sempre ficarei, esperando que você me note.


quarta-feira, 13 de maio de 2015

O dia em que me libertei.

Algo dentro de mim gritou quando você se aproximou naquela noite. Eu deveria ter entendido como um sinal de que as coisas não correriam bem se eu permitisse que você me tocasse, mas não foi preciso muito e no momento em que você me viu, seus olhos como ímã fisgaram os meus e ali eu soube, que nunca mais seria a mesma. E nunca fui mesmo. Nós dois, éramos algo que eu desconhecia. Não compreendia seu modo de enxergar o mundo e você nunca se deu ao trabalho de me explicar. Eu não sei bem como devo chamar o nosso tempo juntos. Eu tinha você, mas de fato, nunca tive o seu amor. Ao invés disso, colecionei lágrimas e noites mal dormidas esperando que você voltasse para a minha casa, que eu deixei que a chamasse de sua também, mas você nunca o fez. Você voltava quando achava necessário e todas as vezes, eu o aceitei porque pensei que te amava. Percebi então que me apeguei ao fato de ter alguém, mas era irônico porque ter você era o mesmo que não ter ninguém. Era como me sentir sozinha em meio a multidão. Não fazia sentido. Um dia alguém me perguntou porque eu o amava. Fiquei sem resposta e percebi que você nunca havia me dado motivos para que eu te amasse, você nem sequer merecia. Eu pensei que o dia mais feliz da minha vida, tivesse sido o dia em que você finalmente havia me beijado. Me enganei, o dia mais feliz da minha vida foi o dia em que abri a porta da minha casa para que você fosse embora e disse que não precisava mais voltar. Por muito tempo eu pedi para que você ficasse, mas naquela noite, eu só queria te ver me dando as costas. Só queria ter certeza de que se eu o mandasse embora, seria mais fácil superar. Foi talvez, a decisão mais difícil que tomei. “Diga alguma coisa, estou desistindo de você!” Eu quis gritar. Mas eu sabia que você não diria nada pois sabia que eu estava tomando a decisão certa. Entenda bem, eu nunca quis seu mal, apenas não te quero mais. Apenas quero seguir minha vida sem ter um peso nas minhas costas. Sem ter pra quem dar satisfação. Apenas quero ver o mundo que não vejo faz tempo. Quero apenas me sentir liberta. Liberta de você.