O nosso amor foi uma coisa louca, não acha? O nosso amor,
foi uma coisa que ninguém entendeu. Ninguém acreditou. Nem eu. Nunca botei fé
no nosso amor. Nem em você. Mas ele foi real, do nosso jeito. A gente viveu um
dia de cada vez e ele foi eterno assim, dentro do pouco tempo que nos foi
permitido. E quando ele acabou, eu sofri. Você sabe. Você também sofreu. Eu
sei. E, sabe, foi difícil me acostumar com a sua falta. Eu nunca superei sua
perda. Mas eu cansei de chamar seu nome e uma dor latejante me atingir, então
eu só aceitei. E chorei baixinho, todas as noites. Todas as noites também, você
apareceu para me lembrar do quanto me amou. Mas isso não era suficiente. Eu
sempre te disse que só o amor não bastava. Naquela época, para nós, o amor era
tudo, mas esse tudo ainda era pouco. Você nunca me entendeu. Todos esses anos
quando escondida, eu olhava para aquela nossa foto no fundo da minha gaveta,
algo dentro de mim, pulsava. Eu queria te dizer que eu pensei em você. Muito. Eu
ainda penso, todos os dias. Gosto de lembrar da gente. Da gente caindo de bicicleta, e fazendo sanduíche na minha cozinha. Da gente brincando de esconde esconde na varanda da sua casa, e de dormir assistindo filmes desinteressantes. Gosto de lembrar da
gente correndo na chuva, do meu cabelo grudado no rosto, e você o afastando
para me olhar melhor. Gosto de fechar os olhos e ver você. Sempre sorrindo. Me
fazendo sorrir também. De você, todo bobo. De mim, toda cega. Sorrir da nossa
vida, toda louca. Esta, era pra ser uma carta de despedida, mas você sabe que
eu não sou nada boa com despedidas. Eu nunca soube dizer adeus. Nem a você.
Você foi embora e eu nem pude dizer tudo
que precisava ser dito. Mas você sabia. Você sempre soube do que se passava
aqui, dentro. Nosso amor foi assim, perturbado, elétrico e insano demais. Além
de tudo que possa ser explicado. E embora fossemos assim, complicados demais,
estarmos juntos, era o que precisávamos. E quando as palavras faltavam, o
silencio se fazia presente. Nos perdíamos nele. Nos encontrávamos dentro do mundo
que era só nosso. Nos realizávamos no meio dos nossos sonhos. Na verdade, nunca
planejamos nada, porque sabíamos que não haveria futuro. E era mais gostoso
viver assim. Nós e o presente. Meu futuro ainda é inserto, sabe? Mas meu
passado carrega um punhado de você... Ele é repleto de você. É por isso que não
sei dizer adeus. E nem quero. Você não foi meu último amor, e nem será o único.
Mas foi o primeiro. E não importa quantos venham, serão sempre comparados a
você. De todos os amores que terei, é de
você que quero sempre me lembrar.
Tão sensível. Tão forte. Tão pequena. Tão grande. Tão irônica. Tão carinhosa. Tão bipolar. Tão frágil. Tão ciumenta. Tão eu.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Livre.
- “Se você pudesse ser um animal, qual seria?” Você me
olhou de canto, com aquela expressão que sempre tem quando me acha louca.
Quando estava quase me arrependendo por ter perguntado, você entrou na minha: -
“Um pássaro. Porque eu quero ser livre. E eu sou livre. E eu gosto de voar. Eu
gosto de sentir a brisa tocar meu rosto.” Ali, entendi porque você dirigia com
o rosto pra fora da janela do carro. A cama de solteiro era pequena demais pra
nós dois, então você me trouxe mais pra perto, enlaçando suas pernas nas minhas.
– “E você?” - “Uma girafa”. Respondi com
o rosto enterrado no seu pescoço, encabulada. – “Porque ela é amarela”. Você
gargalhou. Eu sabia que estava tirando sarro da minha cara, mas caramba, como
eu amo ouvir você gargalhando! – “Você seria alta demais. Eu gosto de você
assim, pequena. Eu gosto que você caiba no meu colo.” Você sabe que eu nunca
sei o que dizer, então eu o beijo. Intensamente. É o que eu sempre faço, quando
as palavras faltam. Naquele chuvoso domingo de janeiro, depois de termos dito coisas que nos
arrependeríamos, você gritou que precisava de um tempo. Um tempo de nós. Eu
gritei de volta para que você voasse para longe de mim, afinal era um pássaro.
Arregalando os olhos, você bateu a porta. Eu fiquei na janela enquanto o via se
afastar, embaixo da chuva fria, sem olhar pra trás. Eu quis ser grande naquela noite. Forte e resistente. Mas
você sempre teve razão. Eu era pequena e frágil. Seu colo era tudo que
precisava.
E aí, teve uma sexta-feira fria, e eu recusei o convite daquela minha colega de
quarto da época da faculdade que você nunca aprovou, ela me convidou para sair
por aí, mas eu não quis. Acho que parte de mim sabia, sabia que ainda havia
você. Sempre haveria você. Eu estava embolada até a cabeça nas cobertas quando ouvi
fortes batidas na porta. E quando a abri, fechei os olhos para tentar acordar
daquele sonho que imaginei estar, mas quando os abri novamente, lá
estava você. Com um passo, você ficou tão perto que, eu podia ver as pálpebras
dos seus olhos inchados, o que indicava que você esteve chorando. E antes que
eu pudesse abraça-lo, você me puxou para si e selou seus lábios nos meus com
uma urgência profunda. Seus lábios se afastaram, e com a testa encostada na
minha, você sussurrou: - “Pelo amor de Deus, onde eu estava com a cabeça? Eu
sou um pássaro, eu sei. Mas não sei ser livre, pequena. Não sei me libertar de
você.” Naquela noite entendi. Entendi sua forma de amar. De todos os caminhos que
trilhou, você escolheu o meu. De todos os ninhos em que pousou, você voltou pro
nosso.
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