quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Preocupações.




Eu sempre fui de me preocupar com a vida. Com o que as pessoas iam dizer da minha roupa, da minha maquiagem e do meu carro velho na coragem. Eu também sempre me preocupei com você. Se estava triste, se eu realmente te fazia feliz. Se você gostava do meu modo de sorrir e se você me achava bonita mesmo de chinelos e rabo de cavalo. Por muito tempo eu vivi assim. Pros outros. Eu sempre me esqueci de me preocupar comigo, com a minha felicidade. Mas eu nunca. Eu nunca me esqueci de você. Não por completo. Uma vez ou outra você sempre surge, nas manhãs chuvosas, seu sorriso aparece com frequência na minha janela. E eu revivo tudo aquilo e abro a porta pra você. Você fica um pouco. Colocamos  a conversa em dia, tomamos um chocolate quente e pronto, acabou. Quando eu começo a me acostumar com a idéia de ter você aqui, eu acordo. Estou sonhando, outra vez. É nessa hora que a preocupação vem. Fico me perguntando se você está sonhando comigo também. E se eu for até a sua casa, se você vai abrir a porta pra mim, e como nos velhos tempos eu irei te fazer cafuné até pegarmos no sono. Eu até me pergunto se já há outra fazendo isso. O desespero vem a tona, então pra tentar esquecer, eu saio por aí, vendo pessoas. Carros. Aves. Eu decidi. E quando está decidido ninguém muda. Decidi não me preocupar mais. Nem comigo, nem com você, nem com a vida. Resolvi viver. Pra mim. Acordar todos os dias de manhã e colher os morangos que plantamos juntos no verão passado. Parece estranho, mas eu quase não me lembro que fizemos isso. Estou lutando pra esquecer. Tomar café sozinha. Joguei a outra cadeira onde você se sentava do meu lado. Nada de video games, eles me lembram muito você. Então eu saio de novo, cavalgo... Passo o dia todo ocupando a cabeça. Vou na casa de uma amiga. Olho o mar. Andar de bicicleta, e até quem sabe reencontrar um romance do colégio. Quando estou voltando pra casa, o tempo muda. Está começando a chover. Corro para dentro, apago as luzes, deito. Silêncio. Mas daí eu olho pra janela, lá está você de novo, todo sorrisos. Eu viro o rosto, não quero te ver. Mas a vontade é tanta que eu sussurro bem baixinho, pra só eu ouvir: "Me ama. Por favor, me ama só mais um vez."

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A curiosidade matou a gata.

Eu precisava saber. Assim, simples. Três da manhã. Não conseguiria dormir se não visse. Há mais de uma semana que eu não ligo o computador. E que meu celular está escondido no fundo da minha gaveta. É uma forma de eu imaginar que isso me impediria de ir atrás de você. Mas hoje, sinto muito. Confesso, sou fraca mesmo! Liguei o notebook e consegui me irritar com a demora dessa lata velha ligar. A primeira coisa que fiz foi entrar no meu email. Até parece mesmo que você me mandaria um email dizendo que já está saindo com outra garota. Coisa de gente desesperada mesmo. Ignore. Aí, com muito esforço eu entrei na sua rede social, e adivinha? Você ainda tem coragem de colocar de perfil aquela foto que eu tirei de você na praça. Aquele sábado de sol, frutas, risadas e muito amor. Pare! Eu nem gosto dessa sua foto mesmo. Apesar de você estar lindo, e dando aquele sorriso maravilhoso quando me via. E.. E.. Olhei mais pra baixo da sua foto e AHÁ! Lá está ela. Ou melhor, lá estão eles. Inúmeros recadinhos de "amor" pra você. É assim que ela chama esse sentimento por você? Fala sério. Duvido que você acredita que ela realmente sinta isso. Não me contentando, entrei no perfil dela também. A coisa realmente tá ficando séria. Ela até já criou um álbum pra vocês com a descrição "bebê". Nhe Nhe Nhe. Quanta frescura. E pra piorar, eu vi que você postou pra ela a música "Foi Deus". O QUÊ? Foi Deus o quê? Você detestava essa música! Puxei o note da tomada. E agora? Tá melhor? Idiota. Idiota. Idiota. Pelo menos agora eu consigo dormir mais tranquila. Ou não. Sou masoquista mesmo. As lágrimas queimam cada vez que pingam no travesseiro que você deixou aqui. A curiosidade eu matei. Game over. Ah não, é o contrário. A curiosidade está me matando. Me corroendo. A pior das dúvidas é se, essa garota é mesmo uma tremenda cretina por ter conseguido conquistar você ou se ela é muito sortuda por ter te encontrado justo quando eu o deixei partir...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Compromisso.


Eu assumi um compromisso com você quando demos o nosso primeiro beijo. Você ainda lembra? O compromisso era pra ser assumido por nós dois, mas eu não liguei pra isso, afinal eu sempre levei nosso amor nas costas. Eu sempre fui o motivo das nossas brigas. Mas sempre dei o primeiro passo para fazermos as pazes. Eu ainda lembro quando você finalmente resolveu assumir pra mim, ao menos, que também me amava. Seus cabelos estavam despenteados, você estava de havaianas, e com aquela sua bermuda que eu amo. Fomos a praia, e como num sonho você fez exatamente o que eu sempre imaginei. Vimos o por-do-sol juntinhos, e depois você se juntou a mim e fomos pegar conchinhas na beirada da areia. Isso é infantil, sim. Mas você somente fez minha vontade e que automaticamente virou sua, também. Quando já tínhamos feito inúmeras juras amor, você se agachou do meu lado,  pegou um pedacinho de arame, enrolando-o, e com a maior delicadeza do mundo colocou em meu dedo logo após de dizer "Agora sim, assumido." Encaixei meus braços ao redor do seu pescoço e desejei que aquele momento jamais acabasse. Que fosse eterno. Mas todo mundo já sabe que nada dura para sempre. E com nós dois não foi diferente. Nós dois, nada mais éramos que uma rotina. Gostosa, talvez. Mas acima de tudo, nossa rotina era estável. Eu sempre te amei. Mas você, não. Você somente se acomodou. Se acostumou a acordar e ter que me ver com os cabelos embaraçados, e meu  rosto sem maquiagem. E com o tempo, se cansou de somente comer ovos com bacon no café da manhã. Mas foi você mesmo quem disse que gosta de ovos com bacon. Não entendi. Só entendi quando cheguei do mercado uma tarde,  com as compras. Mais ovos com bacon. E não achei você. Até pensei que você tinha ido comprar chicletes pra mim como sempre fazia. Mas daí eu notei, a cama estava arrumada. E no nosso guarda-roupa, não tinha mais nada seu. Nosso. Só achei uma camisa sua, embaixo da cama. Minha, agora. Aquela que você tomou chuva, e eu te esquentei. Vesti ela mesmo. Eu me vesti de você. A tristeza bateu. E logo depois, a saudade. E o medo. E a solidão. E ali, eu fiquei. Dia após dia. Esperando você abrir a porta e dizer que estava na praia procurando outro pedacinho de arame porque aquele nosso já estava enferrujado. O que foi? Não dizem por aí que a esperança é a última que morre? A minha vai viver 100 anos, e em todos eu estarei aqui, esperando você voltar. Pra mim. Pra nossa rotina estável.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Me deixe apenas sentir.

Você já se imaginou sentindo falta de algo que nunca teve? Poupe seu sofrimento, eu te direi o quão terrível é isso. Amar alguém sem ser correspondido, é ruim. É doloroso, é amargo. Mas triplique tudo isso ao amar alguém e não ter a mínima noção do que essa pessoa sente por você. O medo de ouvir a resposta domina você. A insegurança toma conta dos seus pensamentos e isso vai afetando você. No começo você acha que está ficando paranoica. Tudo indica isso. Depois você acha que está depressiva. Se acha feia e que ninguém te quer. Pobre espírito vazio. Tudo fica vazio, menos sua cabeça que começa a rodar, e a rodar, e a rodar. Imaginando um jeito de dizer que está apaixonada. E essa pessoa pode ser seu vizinho, seu amigo, o marido da sua amiga ou o colega de trabalho do seu irmão. Tanto faz. Você nunca vai ter coragem de contar o que sente. Nem pra ele e nem pra sua melhor amiga. Pra você, guardar o segredo é a melhor forma de você se sentir segura, mas você não imagina o quanto isso te faz mal. Te rasga. É justamente nessa hora que você começa a sentir falta do que nunca teve. Sente falta de fazer planos para o futuro. E sente falta de experimentar o beijo dele. E de dormir do ladinho dele em um dia de chuva. E faze-lo sorrir. Todo mundo diz que você sofre mais quando se tem algo e depois o perde. Eu não penso assim. Eu sofro por nunca te-lo sentido. E por nunca saber o que é brigar e logo depois receber uma ligação dizendo que está arrependido e que ainda me espera para vermos aquele filme que eu adoro. E sinto falta de passar as mãos nos cabelos dele. Eu só queria que isso tudo existisse. Eu só queria invadir sua mente e tentar ocupar um lugar nela. Por pouco tempo, talvez. E só queria que essas lembranças, fossem realmente lembranças.


Sorrisos.


Há tempos que eu não sorria assim, sabe? Um sorriso gostoso. Aquele sorriso que não é forçado. Aquele sorriso espontâneo, que quando você me olha de lado, eu fico sem graça e pronto. Lá estou eu, toda derretida em sorrisos. É estranho, porque antes de você chegar e inundar essa minha vida pacata com as suas alegrias, eu quase não sorria. As vezes, acontecia. Um sorrisinho aqui e ali. Só pra transparecer que eu era feliz. Mas nunca fui, por completa. Até você chegar. Eu não sabia o que era pensar em alguém. Ou o que era sentir o coração acelerado ao ouvir uma voz. A sua voz. Quando você chegou, trouxe contigo uma caixinha de lápis colorido, e assim, foi colorindo a minha vida. Aos poucos, foi desenhando nela. Desenhando caminhos que hoje seguimos juntos. Lado a lado. Mas olha só como as coisas acontecem. Eu mal sabia andar antes de você chegar. Vivia tropeçando na minha própria solidão. Caia, ralava os joelhos. E chorava. E aí, eu avistei você, de longe. Cabelos contra o vento, e você chegou devagarinho. Mas chegou. Eu esperei tanto por você... Antes tarde do que nunca, você veio e me ensinou a sorrir. Com você, de você. De mim, de nós. Da vida! Agora ela está toda colorida. Eu não tropeço mais. E quando isso raramente acontece, eu sinto suas mãos nas minhas costas. E meus joelhos, eles não estão mais esfolados. Você os curou. E assim, a gente vai caminhando... Sorrindo. As vezes até chorando, mas juntos. Lado a lado, desenhando caminhos por aí...