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Eu não queria começar com textos outra vez, mas eu e você sabemos bem, que eu sou boa com as palavras. Eu nunca soube me expressar sem ser com as minhas companheiras, as palavras. Muitas vezes, tentei lhe falar sobre meus sentimentos, mas eu só conseguia te olhar e você me calava com um beijo. Hoje não quero falar sobre nós. Quero falar sobre mim. Hoje quero falar sobre o que me tornei depois que você foi embora. Eu fiquei por muito tempo pegando as peças do nosso quebra cabeça que você jogou no chão, junto com todos os meus sonhos, quando se foi. Eu fiquei sozinha no frio da sua cama, que um dia foi minha, também. Peguei aquele porta retrato que você me deu, com a primeira e única foto que tínhamos, e coloquei aquela música que te mandei e você chorou... Ouvindo ela, eu também chorei. Chorei de medo, chorei de arrependimento, mas acima de tudo, chorei por amor. Amor a você. Mas hoje, hoje em meio às minhas lágrimas, eu lembrei do seu olhar vazio. E da sua frieza ao pegar nas minhas mãos, e com um lenço, eu enxuguei todas as minhas lagrimas, enxuguei as nossas lembranças. Enxuguei toda a mágoa que você deixou, aqui dentro. Enxuguei meus sonhos de irmos para Veneza. Enxuguei meus planos de nos transformarmos em três ou quatro como você um dia me disse. Enxuguei os sorrisos que um dia você me deu. Enxuguei as mentiras que foi nossa vida juntos. E me olhei no espelho. Resolvi me dar outra chance. Resolvi me dar amor, carinho, respeito. Decidi me amar, pois você jamais soube faze-lo. A pior parte quando nos entregamos a alguém é a ferida que se forma dentro do nosso coração quando nos decepcionamos. Mas só depois de muitos dias enxugando a minha dor é que notei a parte boa de tudo isso. E hoje, eu notei: Obrigada, eu sobrevivi!